*Por Marisa Lobo
Vem eleição, vai eleição e sempre assistimos uma grande quantidade de candidatos debatendo sobre os mais diversos assuntos da esfera pública. A maioria, contudo, não foca na família como o centro das atenções. Muitos até citam, mas não especificam quais são os desafios a serem enfrentados.
Quero chamar atenção sobre a importância do lugar da família na política porque nesse ano temos a oportunidade de escolher representantes alinhados com essa preocupação, e olha que ela não é simples. Vamos entender brevemente com apenas três exemplos:
O problema das drogas
É indiscutível o problema do abuso de drogas no Brasil. A Cracolândia está aí para provar. Ele alimenta o tráfico, que por sua vez alimenta o contrabando, alimenta poderosas organizações criminosas, essas que, consequentemente, exigem do Estado uma mobilização gigantesca de recursos para serem combatidas.
Mas onde tudo começa? Será que é no traficante? Não, é na família! O abuso de drogas é um problema que muitas vezes tem início dentro de casa, em famílias socialmente desestruturadas, afetivamente destruídas, onde pais e filhos vivem problemas de relacionamento e assim por diante.
A droga aparece como uma oportunista. Ela encontra espaço na vontade de pessoas geralmente abaladas emocional e psicologicamente. Claro que há exceções, mas estudos sobre o contexto familiar dos dependentes químicos mostram que a família possui papel preponderante sobre a condição do usuário.
O problema da saúde
Julga que a família não tem a ver com a questão da saúde? Claro que tem! A dependência química é uma questão de saúde, por exemplo. A gravidez precoce é outro problema que está no seio familiar, mas repercute na saúde.
Doenças sexualmente transmissíveis, violência doméstica, traumas psicológicos decorrentes de maus tratos, os cuidados com o idoso, tudo isso afeta o nosso sistema de saúde e estão diretamente relacionados à família.
O problema da educação
Esse talvez seja um dos pontos mais visíveis na relação da família com o poder público, pois a educação, precisamente o ensino escolar, diferente do que muitos pensam não é algo de total responsabilidade do Estado, mas também da família.
Os pais, por exemplo, têm o dever de acompanhar o desenvolvimento escolar dos seus filhos, mas existem pais que tratam os professores, a escola e o município como verdadeiras babás, exigindo do poder público algo que não é da sua competência, que é o cuidado emocional sobre o desenvolvimento psicológico do aluno.
Por que isso é tão importante? Porque a relação família/escola, quanto mais harmoniosa é, maior é o desempenho do aluno. Pais que acompanham seus filhos conhecem suas dificuldades e virtudes, o que afeta diretamente a autoestima da criança e do adolescente, ajudando em seus resultados.
Conclusão
Apenas por esses três rápidos exemplos nós temos uma ideia do quanto a família possui papel central na esfera pública. Por isso, uma gestão para que seja boa precisa voltar suas lentes para o lugar da família nos estados e municípios.
Quando entendemos isso e desenvolvemos estratégias de fortalecimento da família, valorizando a responsabilidade do pai e da mãe e os direitos da criança e do adolescente, estamos automaticamente lidando com todos os outros problemas por tabela, mas de forma preventiva: segurança, saúde e educação!
Essa é uma visão que trata a gestão pública como tendo uma raiz e uma meta com base numa célula-base da sociedade, de onde devem partir todas às nossas decisões conectadas em um eixo comum, que é a proteção integral da família.