Publicado em 16/04/2020
Nos últimos dias crescem as suspeitas que o novo coronavírus tenha sido produzido em um laboratório na China. O objetivo do governo chinês seria demonstrar que o país também tem capacidade de lidar com epidemias. O presidente Donaldo Trump determinou que os Estados Unidos investiguem a informação que o vírus teria escapado por acidente de um laboratório da cidade de Wuhan, epicentro da doença.
Reportagem da Fox News denuncia que o vírus não infectou o primeiro humano no mercado de Wuhan, conforme justificado pelo governo chinês. O “paciente zero” seria um funcionário do laboratório em Wuhan. A Fox News entrevistou fontes que tiveram acesso a documentos confidenciais.
A revista Terça Livre publicou, ainda no início de fevereiro, reportagem de Max Cardoso sobre as suspeitas de que o novo coronavírus tenha sido produzido em laboratório. Confira o texto publicado na edição de 4 de fevereiro:
Um ex-oficial da inteligência do exército israelense, Dany Shoham, causou um grande barulho na internet ao falar da possibilidade do novo coronavírus ter sido produzido em um laboratório na China. Em uma entrevista ao Washignton Times, ele afirmou que a cidade de Wuhan é a única em toda a China, até onde se sabe, que possui um laboratório capaz de produzir vírus: o Instituto de Virologia de Wuhan. Essa instalação possui o laboratório mais avançado da China para pesquisas com patógenos.
Shoham disse ainda que esse laboratório faria parte de um projeto secreto do governo chinês para a pesquisa e fabricação de armas biológicas. Desse modo, existiria a possibilidade de o vírus ter sido liberado pelo laboratório intencionalmente, ou que alguém por acidente tivesse se contaminado e começado a espalhar o vírus pela cidade inadvertidamente.
Apesar do ex-oficial israelense afirmar isso apenas como uma possibilidade, uma boa parte da imprensa começou a dizer que essa história era uma simples fake news, uma teoria da conspiração. Nenhum desses jornalistas parecia achar no mínimo estranha a grande coincidência do marco zero do coronavírus ser justamente na única cidade chinesa onde há um laboratório capaz de desenvolver armas biológicas.
Esse laboratório, inclusive, já trabalhou com alguns tipos do coronavírus antes, dentre esses a cepa da Síndrome Respiratória Aguda Grave, conhecida como SARS (do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome). Além disso, já estudaram também o vírus da influenza H5N1, da encefalite japonesa, dengue e até mesmo os germes que causam anthrax.
Exatamente por ter esse tipo de pesquisas, o laboratório em Wuhan é classificado como P4 (Patógeno nível 4). Isso significa que ele possui os padrões de segurança mais restritos para impedir o vazamento de microrganismos perigosos. Infelizmente, parece que os cientistas chineses não se preocupam com padrões de segurança como deveriam.
Um grupo de cientistas chineses que trabalhavam no Canadá enviou ao Instituto de Virologia de Wuhan, sem respeitar os padrões mínimos de segurança, amostras com os vírus mais mortais que existem, inclusive o Ebola. Esse fato foi o que alertou autoridades internacionais que poderiam estar fazendo pesquisas de armas biológicas no instituto.
Em toda essa história há fatos muito intrigantes. Xiangguo Qiu, uma cientista que trabalhava no Laboratório Nacional de Microbiologia de Winnipeg, no Canadá, fez pelo menos cinco viagens à China, entre os anos de 2017 e 2018. Em ao menos uma delas, ela treinou cientistas e técnicos no Instituto de Virologia de Wuhan, que tinha acabado de ser certificado como laboratório P4. Qiu ajudou a desenvolver o ZMapp, um tratamento contra o vírus Ebola.
Expulsão do laboratório e roubo de pesquisas intrigam autoridades
Em julho do ano passado, Qiu foi expulsa do laboratório em meio a uma investigação sobre quebra das normas da Agência Pública de Saúde do Canadá. Ela era convidada para ir ao laboratório de Wuhan pelo menos duas vezes ao ano nos últimos dois anos, ficava lá por um período de duas semanas em cada uma delas. Seus próprios colegas de trabalho a questionavam sobre suas viagens à China e sobre que tipo de tecnologia e informação ela estaria compartilhando com os pesquisadores do país asiático.
De acordo com um documento de setembro de 2017 obtido pela CBC News, ela também teria se encontrado com colaboradores em Pequim. Além dela, o marido e dois estudantes chineses que a acompanhavam tiveram acessos de segurança ao laboratório revogados.
Há também registros de incidentes de roubos de pesquisas nos EUA. O mais recente ocorreu no último dia 25 de dezembro. Um pesquisador chinês foi preso em Boston por suspeita de roubar amostras de material biológico. Ele estava em um aeroporto indo para um voo com destino a Pequim quando foi abordado pelo FBI.
O pesquisador trabalhava em um hospital na China e tinha ido aos EUA para visitar um Centro Médico da Universidade de Havard como estudante de graduação em Patologia. Isso ocorreu em um momento em que os oficiais do FBI estão em uma campanha para combater várias tentativas de roubo de informação e tecnologia por parte de pessoas patrocinadas pelo regime chinês.
O governo chinês já tem uma infame reputação de roubo de informações importantes de outras nações e também de proibir acesso aos outros países aos fatos ocorrem na China. Nessa situação do coronavírus não podia ser diferente. Muitos especialistas em saúde pública estão pedindo transparência às autoridades chinesas sobre a epidemia. Eles afirmam que a tentativa de cobrir o que está realmente acontecendo pode ter sérias consequências no controle da doença nos países vizinhos à China.
As autoridades chinesas não revelaram que estava ocorrendo uma epidemia, que eles chamavam de “pneumonia viral”, até os rumores na internet começarem a falar de SARS. Os funcionários do governo disseram, em um comunicado feito pela Comissão de Saúde Municipal de Wuhan no dia 3 de janeiro, que a causa da pneumonia não estava clara, mas que não se podia descartar SARS.
Em outro comunicado, dois dias depois, foi retirada a suspeita de SARS, MERS e gripe aviária. Somente neste dia é que as autoridades revelaram que o primeiro caso encontrado relacionado à epidemia de Wuhan havia sido descoberto no dia 12 de dezembro. Ou seja, passou quase um mês do primeiro caso identificado para as autoridades chinesas comunicarem o que estava acontecendo.
No dia primeiro de janeiro a polícia chinesa chegou a prender oito pessoas acusadas de espalharem rumores pela internet de uma epidemia de pneumonia. É assustador pensar que o governo chinês parece estar muito mais interessado em manter o controle sobre seus cidadãos do que se preocupar com a saúde pública mundial.
E os desmandos do governo chinês não param por aí. No último dia 28, o Partido Comunista Chinês negou uma oferta dos EUA de mandar um grupo especialistas para a China. O governo chinês recusou aceitar uma equipe do Centro de Controle de Doenças (Centers for Disease Control) para ajudar nos esforços de pesquisa do coronavírus. Esse fato denota, no mínimo, uma falta de vontade de cooperação e transparência por parte do governo chinês no combate à doença.
Realmente, não é possível afirmar com certeza que o vírus seja resultado de pesquisas do programa chinês para produção de armas biológicas. Não há provas concretas disso e muito provavelmente nunca haverá alguma prova acessível. Porém, isso não significa que se possa afirmar com um meio sorriso e um leve aceno de mão: “Isso não passa de uma teoria da conspiração”.
Há muitas questões estranhas nessa história e que precisavam ser investigadas com mais cuidado pelas autoridades internacionais. Ou será que o mais racional seria pensar simplesmente que tudo isso não passou de uma grave e infeliz coincidência?
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