Após 28 dias à frente do Ministério da Saúde, o médico oncologista Nelson Teich pediu demissão do cargo na manhã desta sexta-feira (15). O motivo para a saída de Teich foi a discordância do presidente Jair Bolsonaro sobre as medidas de combate ao vírus chinês. Outro ponto de divergência entre o ex-ministro e o presidente é o uso da hidroxocloroquina no tratamento dos pacientes infectados pelo coronavírus.
O general Eduardo Pazuello, secretário-executivo da pasta, assume o cargo interinamente e pode até ser efetivado. Outro nome cotado para para assumir o Ministério da Saúde é o da imunologista e oncologista Nise Yamaguchi. Ela esteve no Palácio do Planalto nesta sexta-feira, para a cerimônia de lançamento da campanha de conscientização e enfrentamento à violência doméstica e se reuniu com Bolsonaro.
Pesa a favor de Nise o mesmo entendimento do presidente com relação à hidroxocloroquina. Ao contrário dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, a médica é favorável à adoção de um protocolo federal para a prescrição da hidroxicloroquina contra a Covid-19 desde os primeiros sintomas.
Outro nome avaliado pelo Planalto é o do médico e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). Ele tem experiência no combate de epidemis como a febre amarela, dengue e H1N1. Terra é crítico do isolamento horizontal e afirma que a quarentena não funciona. Pelo contrário, pode até ser causa do aumento do contágio.
Teich assumiu o Ministério da Saúde em 17 de abril, após a demissão de Mandetta. Com um perfil mais técnico do que o antecessor, que adorava os holofotes e as frases de efeito para a imprensa, o ex-ministro teve atuação apagada e confusa. Teich jamais se posicionou claramente sobre as diretrizes da pasta no combate ao vírus. Tampouco trabalhou para a implantação de diretrizes para a reabertura dos comércios em todo o país, a fim de retomar a atividade econômica antes que o país caminhe para o caos.
O ex-ministro fez um breve pronunciamento no final da tarde desta sexta-feira (15). Ele foi lacônico e não deu muitas explicações sobre a sua saída. "A vida é feita de escolhas. E eu hoje escolhi sair. Digo a vocês que dei o melhor de mim nesses dias que estive aqui. Não é uma coisa simples estar à frente de um ministério como esse, num período tão difícil (...) Deixo um plano de trabalho pronto para auxiliar os secretários estaduais, municipais, prefeitos e governadores a tentar entender o que está acontecendo e definir os próximos passos", afirmou Teich.